segunda-feira, dezembro 12, 2005

Os debates televisivos nas eleições presidenciais

Olá amigos!
Em primeiro lugar quero dizer-vos que não está a haver muita participação por parte de alguns margaritenhos e por outro ainda temos alguns dos 7 + 1 ausentes neste blog. Inscrevam-se, participem, comentem, escrevam o que vos apetecer, enfim, dêem alma a este projecto de 8 amigos.
Eu, por mim, tenho tentado, dentro das minhas possibilidades, dinâmizar este blog como posso.
Ainda estou à espera das respostas para o fim-de-ano.
Um grande abraço e cá vai mais um artigo que gravei na Rádio Portalegre.
Os debates televisivos!


No dia 5 de Dezembro, Manuel Alegre e Cavaco Silva deram início aos vários debates televisivos que irão ter lugar em Dezembro de 2005.
Cavaco Silva demonstrou uma simpatia inesperada em relação a Manuel Alegre, conseguiu conduzir o debate para as questões que pensa serem as mais importantes e em que ele pode ser um bom interlocutor para a sua resolução – as dificuldades económicas do País. Ao reconhecer erros do passado e ao usar a expressão “força de desbloqueio” passou uma imagem de humildade que os seus adversários irão tentar rebater. Concordou, de uma forma geral, com os argumentos de Manuel Alegre, o que fez com que o debate fosse bastante cordial.
Cavaco demonstrou sempre pose de estado, sentido de responsabilidade nos argumentos que esgrimiu e uma coerência invejável.
Manuel Alegre, com a sua voz inconfundível, mostrou que tinha todas as condições para ser o candidato apoiado pelo partido socialista. Não entrou em agressões verbais contra Cavaco Silva, mostrou elevação no tratamento dos temas e não teve problemas nem complexos em falar de «Pátria». Não alimentou ilusões sobre os poderes do Presidente da República.
Este debate foi alvo de bastantes críticas por parte dos seus adversários (principalmente Mário Soares dizendo que foi um debate frouxo…) e de vários críticos. Numa sociedade dominada pela falta de civismo e educação, percebe-se estas críticas a um debate civilizado, cordato, altamente instrutivo e esclarecedor, em que duas pessoas (Cavaco e Alegre) exprimiram os seus argumentos, avançaram propostas e se respeitaram mutuamente.
No dia 8 de Dezembro de 2005, teve lugar o 2º debate para as eleições presidenciais de 22 de Janeiro. Defrontaram-se Jerónimo de Sousa e Mário Soares.
Jerónimo de Sousa mostrou confiança, convicção e colou Mário Soares às políticas deste Governo, não conseguindo, no entanto, disfarçar que só não houve um único candidato da esquerda portuguesa na 1ª volta, porque o partido socialista não se conseguiu entender, o que retira alguma lógica à sua candidatura. Jerónimo de Sousa, apesar da sua simpatia, não consegue esconder a velha cassete do partido comunista, com várias alusões no debate com Soares «àqueles que menos têm e menos podem». Teve também alguma dificuldade em responder à questão sobre o regime Chinês.
Mário Soares tinha neste debate, a sua primeira oportunidade para usar a sua principal arma: o improviso, os apartes nas discussões, a resposta engenhosa e a fuga a questões difíceis de forma a iniciar a sua (esperada) subida nas sondagens. Fez um apelo bastante interessante: apelou ao eleitorado comunista para votar Jerónimo (isto para não votar Alegre, claro). Soares tem um currículo que fala por si, mas os portugueses ainda não se esqueceram dos apelos ao voto no partido socialista e no seu filho, em pleno dia de eleições, rompendo com uma prática e uma regra democrática da nossa constituição. Não é destes exemplos que os portugueses esperam de um presidente da república.
Foi um debate em que nenhum dos candidatos discordou totalmente um do outro, ficando a sensação que só ali estão (principalmente Jerónimo) para garantir tempo de antena de forma a manter coeso o seu eleitorado nesta 1ª volta.
No dia 9 de Dezembro de 2005 ocorreu o 3º debate para estas eleições presidenciais, defrontando-se os candidatos Cavaco Silva e Francisco Louçã.
Cavaco Silva conseguiu manter a sua coerência, não se desviando do discurso que interessa, apesar dos ataques aos seus governos por parte de Francisco Louçã. Respondeu que já foi julgado pelos portugueses e que, nos dez anos em que foi Primeiro-ministro, teve um papel fundamental em todo o processo dos fundos comunitário e foi o período em que Portugal mais cresceu. Desmantelou a estratégia populista e a evidente irresponsabilidade das propostas de Louçã. A sua declaração final foi bastante incisiva, deixando uma mensagem de esperança à juventude.
Francisco Louça foi combativo e tentou incomodar Cavaco Silva, encostando-o à direita nalgumas posições. Cavaco foi para Louçã “o meu adversário” (como lhe chamou ao longo de todo o debate, mostrando a estratégia do seu programa: a despersonalização do outro e a evidente ausência de delicadeza, que por definição, o cargo presidencial exige). Louça não tem perfil para Presidente da República. Talvez tenha para responsável pelo Bloco de Esquerda! Candidata-se apenas, como Jerónimo de Sousa, para manter o seu eleitorado e mobilizá-lo para apoiar Mário Soares, numa potencial 2ª volta, para tentar derrotar Cavaco Silva.
Filipe Mouzinho Serrote

1 comentário:

Pedro Almeida disse...

Caro Serrote: acho que os debates não têm sido devidamnete esclarecedores. Dizem que não é preciso peixeirada para se falar e concordo em absoluto. Agora a serem tão mornos já não estou de acordo. Acho que devia haver mais choque num sentido de se perceber claramente as ideias. Se as pessoas fossem votar pelos debates seria uma votação interessante, pois parecem todos iguais, com pequenas diferenças...