segunda-feira, maio 22, 2006

Folhas de Rosa

No meu aniversário, um amigo deu-me um livro de poemas. Hoje partilho convosco um que gostei imenso...



Folhas de Rosa


"Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo...

E falo-lhes d'amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume de outrora
Flutua em volta delas, docemente...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que reflectia outrora tantos risos,
E agora reflecte apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mais fala à fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia..."

Florbela Espanca

2 comentários:

Pedro Almeida disse...

Meu amigo Acanácio, gostei deste poema da Florbela... Tem uma mensagem muito interessante. Espero que o teu interior ande mais calmo, pois tu mereces toda a felicidade. Espero também rever-te este próximo fim de semana e formarmos aquela dupla terrivel, quer na acalmia, quer na doideira...

Acácio Farinha disse...

lá estaremos...badajoz é nosso...badajoz é nosso e há-de ser...