Amigos, depois de alguma ausência na participação neste blog, cá estou novamente para partilhar convosco mais algumas ideias. Desta vez venho falar-vos da problemática do interior. A desertificação, o pouco investimento por parte do Estado (não há dúvidas sobre esta questão, apesar do erro das Scuts!).
Há questões que se têm que pôr urgentemente:
O que é que o Estado pretende fazer para combater a desertificação?
Há projectos nesse sentido?
Há articulação com os municípios?
São a estas e a muitas outras questões que devemos reflectir e questionar o Governo.
Nesse sentido aqui vai o meu artigo da semana passada:
Há mais Portugal, para além do litoral!
O facto de milhares de escolas estarem prestes a encerrar as suas portas, tem passado um pouco despercebido à comunicação social, que se tem entretido praticamente só com os temas dos Cartoons de Maomé e da gripe das aves.
Mas no interior do nosso país, este encerramento é um problema real. Ora vejamos:
o As aldeias do interior já vão tendo muito pouco. Não têm transportes, ficaram sem estações de correios, sem postos da GNR e agora irão ficar sem escolas;
o Todos os sinais de vida vão desaparecendo destes locais, outrora vividos intensamente pelas gentes da sua terra;
o As vilas mais pequenas, mais tarde ou mais cedo irão perder os tribunais, as repartições de finanças, o direito a serem freguesias. Os sinais do Estado vão, aos poucos, desaparecendo;
Estas medidas que irão dar origem à extinção das escolas com menos de 20 alunos, têm a sua lógica e, no que respeita à contenção de custos e racionalização das despesas, tem todo o sentido. Mas são, sem dúvida alguma, duros golpes na configuração e heterogeneidade do nosso país, bem como em comunidades que ainda vão preservando o nosso código genético cultural.
Estes locais que são parte integrante do nosso Portugal e foram até há alguns anos a terra de muitos portugueses.
O que devemos fazer neste momento, não é contestar estas medidas, mas sim, iniciar uma nova etapa geográfica, pensar o que fazer a estas vilas e aldeias.
Se nada for feito, a curto prazo teremos um país mais pobre.
Autarquias, CCDR´s, Direcções Regionais, empresas e sociedade civil, terão, por imperativo nacional, que se juntar e delinear uma estratégia conjunta, de forma a rentabilizar estes locais desertificados. Há que inverter esta tendência catastrófica de deixar o interior do país, pouco a pouco, sem vivalma.
Há oportunidades que se poderão aproveitar, ideias a apoiar e decisões a tomar. O interior do nosso país, é por exemplo, um local privilegiado para desenvolver algumas actividades desportivas, como passeios pedestres, passeios de btt, passeios a cavalo, paintball, escalada, rappel, slide, entre outras, que poderão ser integradas em campos de férias e férias desportivas.
Criar rotas turísticas, gastronómicas, culturais, desportivas, é, na minha opinião, um dos caminhos para rentabilizar as nossas aldeias e vilas que vão ficando despovoadas.
Recuperar castelos degradados e colocá-los nas rotas turísticas é outro imperativo nacional que as entidades responsáveis deverão, na minha opinião, incluir na sua rota de decisão.
Uma questão se põe:
Para todas estas actividades poderem funcionar, são necessárias pessoas que dinamizem, e que se proponham atingir os objectivos que referi. São necessários jovens, que transmitam lufadas de “ar fresco” a estas aldeias. Mas que casal jovem com filhos ou que pense vir a tê-los, quererá radicar-se numa aldeia ou vila onde não existe uma escola de 1º ciclo? Será que os custos sociais resultantes destes encerramentos, foram devidamente pensados e equacionados, em termos de balanço custos/benefícios?
Os transportes que são da responsabilidade das autarquias irão aumentar de uma forma exponencial, o facto de alunos com idades entre os 5 e os 9 anos, serem retirados do seu meio ambiente às 7 ou 8 horas da manhã e chegarem a casa muitas vezes às 5 ou 6 horas da tarde, não serão motivos muito fortes para se repensar todas estas situações.
Um abraço a todos
Filipe Mouzinho Serrote