quinta-feira, janeiro 17, 2008

Chegou 2008!

Caros amigos margaritenhos,

Deixo-vos aqui mais um texto que escrevi para o jornal. Espero que possam dar a vossa opinião.

Grande abraço a todos.

2008

Um novo ano chegou e perguntamo-nos: o que irá mudar este ano? Será melhor que o anterior?
Num “corre-corre” por vezes alucinante, afadigamo-nos a fazer as últimas compras e a formular quase mecanicamente os votos de bom ano a todos os que encontramos – família, amigos ou apenas conhecidos. Todos os 365 dias cumprimos o mesmo ritual e não deixamos de o fazer com convicção e com vontade de que as coisas de facto melhorem para nós e para o nosso circulo de amigos, mas também para todos os portugueses em geral e para este mundo cada vez mais globalizado e por isso mais pequeno e de onde nos chegam quase todos os dias noticias de violência, guerras, ódios, desamores! - Tudo o que humildemente neste momento, desejamos que termine em 2008.
No nosso “cantinho à beira mar plantado”, as coisas de facto não correram nada bem, apesar de, no discurso de fim de ano o Sr. Primeiro – Ministro, ter procurado colorir de “cor-de-rosa” (o que não se pode levar a mal, pois é a sua cor), todo o panorama político, económico e social do País.

Mas de facto o que o comum das pessoas sentiu e sente é:
- Os preços dos bens a aumentar e os ordenados a estagnar ou a aumentar menos que os preços;
- Os impostos a aumentar e os serviços prestados pelo Estado (fazendo uso dos impostos que nos cobra) a serem reduzidos ou a piorarem;
- As assimetrias Norte / Sul e Litoral/ Interior a acentuarem-se em vez de se atenuarem;
De facto, parece que o objectivo do “deficit” foi atingido e parece também que os encontros “Comunidade Europeia/ Brasil e Comunidade Europeia/Africa” correram como se esperava – temos que esperar pelos resultados/desenvolvimentos para podermos fazer uma boa avaliação. E, parece também que o novo tratado da Comunidade Europeia foi assinado e se vai chamar de “Lisboa”. Mas, por um lado, como dizia o Sr. Dr. Jorge Sampaio “há mais vida para além do deficit” – e é essa vida que interessa aos Portugueses – e nessa com efeito o panorama não é cor-de-rosa, é cinzento! E por outro, a gestão da politica internacional, feita através da Presidência Portuguesa nos últimos 6 meses, foi vista pela população Portuguesa apenas como um show mediático de elevadas proporções, cujos efeitos de curto prazo se resumiram a bastantes incómodos causados aos Lisboetas e a todos os que se tiveram que se deslocar à capital durante os dias das cimeiras.
Gostaria de deixar aqui alguns votos para 2008 ao actual Governo:

- que ouça mais os Portugueses;
- que seja um pouco mais humilde e menos arrogante;
- que utilize melhor os impostos que nos cobra, prestando melhores serviços;
- que termine os encerramentos de serviços de saúde e escolas no interior do País, contribuindo assim para também estancar o isolamento , a desertificação e o empobrecimento de vastas regiões do interior;
- que desburocratize e simplifique efectivamente os procedimentos administrativos, facilitando a vida a todos ( cidadãos e empresas);
- que promova um País com menos desigualdades e que seja mais solidário.
Fazer votos não custa e podem crer que estou a ser absolutamente sincero.
Ao terminar esta pequena crónica de Ano Novo, não o queria fazer sem transmitir a convicção que tenho de que é preciso e é possível mudar e agir para fazer essa mudança, porque, para além dos votos que todos formulamos, precisamos também de agir – dando o nosso contributo para que a mudança se processe! À semelhança do que se passa com os crentes, só rezar e pedir a Deus que nos ajude não chega! É necessário que o nosso contributo seja dado com acções concretas que conduzam efectivamente à consecução dos objectivos que fixamos ou dos votos que formulamos.

Bom Ano de 2008 para Todos!

5 comentários:

TiagoSalgueiro disse...

Amigo Serrofes, como sabes, sou apartidário, pois sempre acreditei mais, e continuo a acreditar, nas pessoas, que nos partidos, e a política governamental é um fenómeno que a mim muito pouco me diz, pois, muito por culpa dos próprios políticos, transmitem-me ( e penso que à maioria das pessoas ), pouca confiança e credibilidade na prática de uma política séria e competente.
Não me recordo do nome do autor, mas li há já uns bons anos atrás, um artigo no expresso em que o autor defendia que a estrutura "governo" como ela existe, deveria terminar. Ele defendia que a responsabilidade pela gestão e desenvolvimento de um país, devia ser entregue à melhor equipa de profissionais que esse país possui nas várias áreas de intervenção, economia e gestão, educação, saúde, urbanismo, e por aí fora, numa perspectiva empresarial, e não de política fútil. Uma equipa de profissionais competentes, que não estivessem submetidos a pressões governamentais e outras, que prejudiquem a sua acção, ou seja, o desenvolvimento do país. Mas isto é impossível ( pelo menos para já ), pois vivemos num país regido por um regime político democrático muito recente, onde esta perspectiva empresarial não tem para já lugar. Existem já, muitos "focos de vícios e pressões" intranhados nesta forma de fazer política, que só prejudica o país.
Eu queria acreditar nas pessoas mas ...!
Tenho que assistir a tomadas de decisões e planos estratégicos mais ajustados àquilo que o país necessita para acreditar!
Somos uns país pequeno apenas na sua área. Temos imensos recursos sub-explorados ( especialmente os ligados ao sector turístico ). Somos tão poucos e mesmo assim, não existe uma política de concentração e rentabilização de recursos, mas sim, uma forma de estar "a olhar pró umbigo".
Sempre ouvi dizer que " o exemplo vem de cima"! Esperemos que comecem a surgir bons exemplos vindos de quem possui o domínio do desenvolvimento do nosso país!
Grande abraço a todos, e os votos de que nunca sejam "apanhados" por esta instabilidade económica, e que consigam sempre, dentro desta conjuntura menos favorável, alcançarem os maiores sucessos profissionais e pessoais.

Tiago Salgueiro

Pedro Almeida disse...

Caro Semedo, muito me agrada ver-te activo e a comentar o nosso blog. Quer eu concorde ou discorde do que tu escreves é sempre boa esta troca de ideias. Ainda que compreenda algumas das tuas afirmações não posso estar muito de acordo com algumas:
1. os partidos não são feitos por ET's mas sim pessoas, essas mesmas em quem dizes acreditar.
2. essa perspectiva empresarial, poderia tornar-se perigosa, pois há politicas sociais que não se coadunam com as perspectivas economicistas. E tu sabes bem que o rendimento não se mede só por questões financeiras, mas sim de qualidade de vida em vários âmbitos. E a privatização de alguns sectores poderia levar a dificuldades das classes mais pobres terem acesso a bens fundamentais, como a saúde, educação e protecção social.
3. entendo que muita coisa está mal e deve mudar, principalmente nas mentalidades. Mas acredita que não se basta ser bom médico ou professor, para se ser bom Ministro da Saúde ou da Educação. Têm que ter mais caracteristicas (processos dliderança, dinâmica de grupo, tomadas de decisões, capacidade politica (no bom sentido) de decidir) que os permita ter uma visão global e como não podia deixar d ser holística.

Um abraço caro apartidário (é que sr apartidário já é tomar partido de algo)

Cruz disse...

o Jornal no qual o nosso amigo escreve e tem direito a emitir a sua opinião é:... só para saber.
Caro Almeida, devo referir que esperava uma resposta tua parte a este post. Um conjunto de provocações foram efectuados ao teu partido. Acusado de usar uma cor suave na forma como pintou o futuro, acusado de um conjunto de más opções e más políticas e tu.... ficas-te!! O discurso populista dos laranjas leva nitida vantagem neste inicio de ano... em todos os quadrantes e localizações:)

TiagoSalgueiro disse...

Epá, foi preciso um post sobre política para o almeida dar um ar de sua graça, o almeida que em tempos postava textos de elevadíssima qualidade, e quase todos os dias, e que de repente ...! Que é feito de ti?
Acho que não interpretaste bem o que eu quis dizer com o acreditar nas pessoas, e não nos partidos.
Não me estava a referir aos políticos no activo, porque esses, muitos deles até têm grandes competências, mas são incompetentes no exercício das suas funções, provavelmente porque no nosso "mundinho da política nacional", como tu dizes e eu concordo, há falta de bons líderes. Os líderes que temos, dão maus exemplos constantemente, influenciados por interesses pessoais paralelos subjacentes a determinadas decisões e formas de estar na política. Portugal tem recursos humanos, naturais, e financeiros, mais que suficientes para ser um país com melhores planos de desenvolvimento estratégico do que se tem vindo a assistir. Tanto licenciado no desemprego?!? Salário Mínimo Nacional para ir mandar cantar ceguinhos?!? Vários concelhos sem serviços hospitalares de urgência decentes?!? Construir 10 estádios de futebol em tempo de EURO, que metade deles jamais serão rentabilizados, dado o contexto em que estão inseridos, apenas para sugar subsídios que poderíam ter tido um fim bastante mais ajustado às necessidades do país?!? Etc, etc, etc ...
O problema continua a ser, a meu ver, também muito o facto de cada mandato presidencial ser um projecto muito pouco ou nada de continuidade do mandato anterior. Anda-se sempre a fazer diagnósticos e a tomar decisões fora do timming adequado, em vez de haver uma entre-ajuda, um passar de pasta, que contribúa para que seja mais fácil para o governo no activo intervir da forma mais eficaz possível, rentabilizando todos os recursos que possui.
Resumindo e concluindo, somos poucos e mesquinhos na mentalidade e forma de estar na vida, mas em tempos já fomos na mesma poucos, mas grandes e ambiciosos ...

Serrote disse...

Caro Semedo,

Em primeiro lugar quero dar-te os parabéns por agitares este blog. Pior que discordar de uma qualquer estratégia, política, metodologia de governação ou proposta de um qualquer governo, é não ter opinião. Tens a tua opinião e eu respeito-a, apesar de discordar num ou noutro ponto, que passo a descrever:

- Os políticos são pessoas como nós (aliás, eu já me vou considerando também nessa classe). E o que faz um político? perguntas tu. Ora bem, há várias fases de um político. Uma 1ª em que se insere num partido político (pode começar pelas jotas ou aderir mais tarde), vai ás várias reuniões das Concelhias e/ou Distritais onde pode e deve dar a sua opinião sobre os vários temas em cima da mesa. Uma 2ª fase (normalmente a partir dos 25 anos) em que integra a própria comissão política (orgão que tem como função pensar a estratégia de um Concelho ou Distrito, que decide e negoceia quem vai nas listas para as várias eleições, etc. Uma 3ª fase (acontece mais frequentemente a partir dos 30 anos) em que assume algum cargo de natureza política (nem todos passam por esta fase...), como por exemplo o cargo de vereador, chefe de gabinete ou assessor numa câmara, uma função no Governo ou em qualquer instituto do Estado. Existe ainda uma 4ª fase (é frequente ser a partir dos 55 a 60 anos) quando já passou por uma série de experiências políticas, obtendo bastante experiência, know how e respeito da população (caso esses cargos tenham sido desempenhados com seriedade, dignidade e sentido de estado).

- Em relação ao nossos governantes, o que normalmente acontece, ou deveria acontecer, era termos os melhores técnicos à frente das vária pastas da governação. O problema é que a "meritocracia" ainda não se conseguiu impor contra os conluios de algumas pessoas que andam nos partidos apenas para se promoverem a si próprias. Era preciso uma grande coragem para um 1º Ministro nomear para Ministros e Secretários de Estado, pessoas em quem não tem a confiança política. Tem que haver um misto de confiança política e de tecnocracismo. É o caminho moderado para a meritocracia...

- Acredito também que o nosso país tem excelente recursos turisticos para serem explorados, potenciados e rentabilizados. Todos nós podemos e devemos dar o nosso contributo.

- Acredito que o sucesso de uma economia é permitir que o mercado funcione. Se as escolas caminhassem para a privatização ou profissionalização de quem gere, talvez tivessemos melhores resultados (é um tema que podemos desenvolver noutro post.). Se os serviços do Estado fossem desconcentrados e entregues a gestores profissionais talvez houvesse menos burocracia.
O Estado deve assegurar alguns serviços sociais, deve regular alguns sectores fundamentais, como a água, a energia, mas não deve estrangular esses sectores. Regular mas deixar o mercado funcionar. Promover os bons e penalizar os maus. Este é o caminho...

Caro amigo Cruz: O Jornal do qual fui convidado a escrever, chama-se Alto Alentejo e este artigo saiu na 4ª feira dia 23 de Janeiro de 2008. Ah, já agora tens que me explicar o que é ser populista... Fico à espera.

Bem, caros amigos, grande abraço a todos, mas especialmente ao Semedo que despoletou este diálogo...