Caros amigos margaritenhos,
Como têm reparado, nos últimos tempos não tenho conseguido participar neste nosso espaço como gostaria. Tenho tido algumas dificuldades desde que o Almeida me enviou uns virus manhosos para o meu PC....
Na CMP também não tenho acesso livre à NET (qual regresso à idade da pedra...), se bem que estou a tratar disso.
De qualquer forma cá estou eu novamente a participar e a contribuir para que este nosso blog possa continuar o seu processo de desenvolvimento.
Como sei que o tema da Interrupção Voluntária da Gravidez já foi comentado por vós, quero deixar o meu contributo ainda antes do referendo. Sendo assim, aqui vai:
Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas 10 primeiras semanas, em establecimento de saúde legalmente autorizado?
Vamos por partes. O que é despenalizar a IVG? Será apenas e como dizem os defensores do SIM, a pura despenalização do próprio acto de abortar ou tenderemos para uma liberalização em que, nalguns casos teremos abortos a pedido? Bem sei que, na grande maioria, as razões de abortar não serão um mero capricho, mas quem é que nos garante que isso não irá acontecer?
Mais: Qualquer crime tem que ter uma pena, seja ela qual fôr. Concordo que as mulheres não deverão ser presas, mas poderão ter uma pena pecuniária, como por exemplo fazer trabalho comunitário.
Penso que passar a mensagem de facilitismo não é solução.
A segunda questão desta pergunta, prende-se com a IVG ser realizada, "por opção da mulher"(...). Por opção da mulher??? Mas porque é que a mulher há-de optar se permite que um outro ser vivo e ainda ser humano continue o seu crescimento e desenvolvimento, até ao nascimento?
O Estado impõe-nos uma conduta e uma atitude, limites apertados ao cumprimento de qulaquer lei. Porque razão, nesta questão tão sensível, como é o nascimento de um filho, há-de a mãe optar, sem ter que dar qualquer satisfação, se quer ou não ter o seu filho?
Porque é que se quer impor a absoluta autonomia de decisão quando estamos a tratar de acabar com uma vida inocente?
Quando falamos em destruição de uma vida, como todas as liberdades, esta também não deverá ser regulada e protegida?
Cada um de nós tem, no seu dia-a-dia, que cumprir uma série de regras (estrada, impostos, códigos de conduta, regras de privacidade, entre outras).
Porque é que não se protege a liberdade de nascer (dentro do quadro legal existente, como é evidente e para que não haja dúvidas, coloco aqui as três excepções que constam na actual lei - O aborto é possível quando a gravidez representa risco para a vida da mulher ou para a sua saúde; no caso de malformação do feto; Ou quando a gravidez resulta de uma violação).
A terceira questão tratada na pergunta do referendo é relativa às 10 semanas.
A regulamentação que o Partido Socialista, ou ainda os apologistas do Sim querem implementar e que levaram para este referendo novamente através da pergunta referida anteriormente, têm como limite para dse fazer a IVG, as 10 semanas. Mas porquê?
Porque razão um feto com 11 meses tem protecção e um de 9 não tem?
Que estudo, conceito, ideologia ou argumento estará a suportar taç decisão?
O que diz a ciência?
No século XIX descobriu-se que a partir da concepção tínhamos um novo ser humano e que, por isso, o aborto consistia em matar deliberadamente um ser humano inocente. Algumas faculdades de medicina dos EUA, definiram o processo de fecundação deste modo:
"Zigoto. Esta célula resulta da fertilização de um oócito por um espermatezóide e é o início de um ser humano... Cada um de nós iniciou a sua vida como uma célula chamada zigoto." (K.L. Moore. The Developing Human: Clinically Oriented Embryology (2nd Ed., 1977), Philadelphia: W.B. Saunders Publishers)
"O Zigoto é a célula inicial de um novo indivíduo." (Salvadore E. Luria, M D., 36 Lectures in Biology. Cambridge: Massachutts Institule of Technology (MIT) Press)
O valor científico destas frases e de muitas outras é refutável, sem dúvida, mas para isso tem que haver um estudo credível que possa sustentar essa mesma refutação, o que ainda não existe.
Relativamente à ultima questão - estabelecimento de saúde legalmente autorizado - parece ser pacífico. Evidentemente que, em caso de haver aborto, é preferível ser num estabelecimento se saúde legalmente autorizado.
Mas o ideal é mesmo não haver aborto.
E porquê? Porque, como é evidente o aborto é uma coisa má, que marca para toda a vida as mulheres. Para além disso Portugal deveria preocupar-se com o preocupante envelhecimento da população, promovendo os nascimentos, ajudando as mães solteiras ou separadas, incentivando as empresas a apoiar as mães, concedendo-lhes facilidades e criando infantários, estabelecendo condições especiais para famílias numerosas.
O país precisa de crianças, é um sinal de saúde e de optimismo. Mas em vez disso discute-sea vida ou a morte. Discute-se o aborto.
Promove-se uma cultura de morte. Ora vejamos:
- Fala-se do aborto, da eutanásia, do casamento e da adopção entre homossexuais (estéreis por razões evidentes...).
Por mais voltas que se dêem, o aborto é uma coisa má, mesmo realizado em clínicas para o efeito, deixa traumas para toda a vida e por isso deve ser evitado a todo o custo.
O Estado não pode, ou não deve, na minha opinião, passar para a sociedade a ideia de que se pode abortar sem penalização, permitindo que certas clínicas promovam o aborto como mais um produto.
Muitas pessoas que estarão a pensar votar SIM neste referendo, pensarão desta forma: "Sou contra o aborto, mas não devo impor a minha opinião aos outros. Tem que haver liberdade para decidir."
Eu diria que neste referendo, temos todos que pensar se não estaremos a permitir que a liberdadede uns possa coincidir com a possibilidade de outros nascerem.
Espero que a minha opinião tenha sido esclarecedora.
Eu votarei NÃO, porque acredito no valor da vida, no valor inalienável e irreferendável da vida!
Espero que no dia 11 de Fevereiro de 2007 possam dar o vosso contributo.
Grande abraço a todos deste vosso amigo
Filipe Mouzinho Serrote